quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Pro Evolution Soccer ediçao 2008

Desde os tempos do International Super Star Soccer Deluxe, do Super Nintendo, a Konami é tida pelos gamers como referência em se tratando de jogos de futebol. A principal característica da sua série futebolística, a jogabilidade apurada, faz com que seus jogos, mesmo inferiores em outros pontos (gráficos, som e opções), se transformem em verdadeiros clássicos. Há quem prefira a série concorrente, o FIFA Soccer, da EA Sports, mas no geral, os bate-bolas da Konami arrebatam uma legião maior de jogadores.

Pro Evolution Soccer 2008, da Konami.A evolução do game, que no PlayStation ganhou nova alcunha (Winning Eleven), foi lenta, mas sempre constante. Com novos títulos praticamente todo ano, a jogabilidade melhorava, e os gráficos ganhavam pequenos retoques. No PlayStation 2, a trajetória teve continuidade. Agora, a Konami foi além, e lançou o primeiro game da série para os vídeo games next-gen (XBox 360 e PlayStation 3) com cara de vídeo games next-gen: Pro Evolution Soccer 2008, nome da versão européia de Winning Eleven, que também saiu para PCs.

Mundo novo!

Há tempos um título da série não trazia tantas novidades, em tantas áreas distintas. Arrisco dizer que este é o mais revolucionário da série, devido à grandeza das mudanças. E isso, infelizmente, tem prós e contras. Há quem tenha achado o jogo maravilhoso, da mesma maneira há os que não viram nada diferente, e também os que detestaram. Particularmente, fico no meio termo: mudou, continua legal, mas prefiro a versão anterior. E explicarei, ao longo deste review, o porquê desta opinião.

Logo depois das primeiras jogatinas, a impressão que tive é a de que Pro Evolution Soccer 2008 é o FIFA Soccer que a EA sempre quis fazer. Os novos gráficos, e alguns detalhes da jogabilidade passam essa sensação. Os gráficos, dos quais falarei em seguida, melhoraram bastante; os controles, estão… estranhos.

Gráficos

Muito bonitos, de fato. E agora a torcida é 3D! O efeito visual dela é muito bom, mas em contrapartida, o desempenho é terrivelmente sacrificado em jogadas de bola parada, quando a galera das arquibancadas é mostrada. On game, obtive uma taxa de 60 FPS (máximo, já que a Konami limita a quantidade de FPS); nas faltas, escanteios, pênaltis e outras jogadas de bola parada, o desempenho cai pra menos da metade: 25 FPS. E como as configurações gráficas são bem limitadas, do tipo “ou joga com tudo no máximo, ou joga com tudo na metade”, a alternativa aos gráficos pesados é jogar com visual da versão antiga.

Brasil (e torcida 3D ao fundo).
Ronaldinho (ainda careca) e Robinho, momentos antes do início da partida. Torcida 3D, yeah!

De modo geral, a parte gráfica do PES2008 não fica devendo nada para a de FIFA Soccer. Desculpem-me a comparação, mas é que nas discussões envolvendo os dois jogos, um fator no qual o game da EA sempre levou vantagem era os gráficos. Era. PES2008 é tão ou até mais belo que FIFA. Os jogadores são consistentes, possuem expressões faciais (finalmente dão risada na hora do gol) e rostos muito parecidos com os de carne e osso. Os estádios são grandiosos, e muitos deles são estádios reais. Uma pena não terem incluído nenhum brasileiro… Salvo engano, há dois estádios portugueses à disposição.

Estádios grandiosos.
Júlio César cobrando tiro de meta.

Antes que eu me esqueça, agora os bandeirinhas aparecem durante toda a partida!

Uma polêmica sobre a qual li algo gira em torno do gramado. Dizem alguns fãs que a Konami pisou na bola (no sentido figurado) com ele, fazendo-o de maneira artificial. Discordo, mas enfim, como disse, é uma polêmica - não muito relevante, mas ainda assim, continua sendo uma.

O único contra dos gráficos é justamente o fato deles serem muito pesados. Fora isso, só elogios.

Som

Ainda não tem as músicas bacanas que o FIFA tem, mas pelo menos melhorou muito em relação àquelas músicas de Super Nintendo das versões anteriores. Há uma variedade enorme, e a maioria é cantada. A música tema é muito boa (se soubesse quem canta…).

No game, melhoraram alguns detalhes. Jogadores que recebem faltas mais duras gritam de dor, e o som da bola batendo na trave está menos escandaloso. A torcida continua animada, como sempre, e o narrador inglês, chato e insosso, como sempre também.

Jogabilidade

Indiscutivelmente, o ponto forte do jogo. O que não significa que tenha melhorado… Longe disso, acho que o game perdeu muito neste ponto. Tentarei explicar sensações - o que, como todos devem saber, é bem difícil.

O controle está mais “escorregadio”. O controle de bola foi dificultado, mas de maneira artificial. A única forma de roubar a bola passou a ser os toquinhos por baixo, já que o juiz é extremamente rígido, e jogar como se jogava no PES6 (versão anterior) garante, no mínimo, duas expulsões por partida.

Cartão no Kaká.
Kaká vai levar cartão. Amarelo ou vermelho?

A barra de controle de força do chute foi modificada também. Se antes, ao passar da metade, a bola ia na Lua, agora, se ela não passar da metade, o chute não passa da altura da cintura. É difícil se acostumar com essa nova sistemática, e para isso, recomendo fortemente uma sessão de treino livre.

Talvez seja questão de costume apenas, mas paralelamente a isso, é a primeira vez que a jogabilidade de uma nova versão de PES não agrada de primeira. Sempre houve mudanças neste quesito, e todas elas, sem exceção, foram benéficas. Tanto que, não por acaso, muitos, incluindo este que aqui escreve, consideram a jogabilidade do PES6 o ápice da jogabilidade em games de futebol. Como já dito, trata-se de uma nova fase, e talvez demore mais um ou dois jogos para a Konami acertar a mão tão bem quanto acertou no penúltimo game.

A jogabilidade não ficou ruim, só piorou. Com alguma prática, é possível jogar com a mesma facilidade e naturalidade da versão anterior, mas esta, pelo menos por ora, continua sendo melhor.

Cruzamento.
Visão de jogo.

Inteligência artificial

Team Vision é o nome da tecnologia que a Konami criou para este jogo. Ela dá aos times controlados pelo PC uma inteligência artificial mais apurada, e o que é mais interessante, adaptável. Se você descobre uma brecha na lateral esquerda do time adversário, e passa a explorá-la, não demora muito para o computador se tocar e reforçar a marcação naquele lado. Os times aprendem com erros, e melhoram a tática ao longo da partida. De fato, as partidas estão mais disputadas, e as viradas e gols em momentos decisivos, mais comuns. Isso tudo é muito bom, pois potencializa o fun factor do game.

Times

É duro não contar com o apoio da FIFA para obter licenças de times… Mesmo assim, a Konami fez um trabalho heróico, e conseguiu aumentar a quantidade de times licenciados, incluindo o Brasil! Sim, finalmente temos o uniforme oficial, ao invés daquela… daquela coisa tosca presente até o PES6. Muitos times, porém, continuam sem uniformes oficiais, ou mesmo jogadores reais (a Alemanha serve de exemplo para duas situações).

Da América do Sul, apenas dois representantes: River Plate, da Argentina, e Internacional, do Brasil. Sacanagem… Tem até a Major League (liga de futebol dos Estados Unidos - !?); por que não o Brasileirão? Negociem com o Ricardo Teixeira, façam alguma coisa, mas, por Deus, coloquem os times brasileiros! Além de aumentar a diversão, isso quebraria metade dos camelôs e pirateiros de plantão, já que eles ganham muito em cima de versões modificadas do jogo com times brasileiros. Um dia, quem sabe?

Inter vs. River Plate.
Inter prestes a marcar mais um.

O Alexandre Pato não está no Inter. Já está no Milan, e isso mostra o quão as escalações estão atualizadas. A seleção brasileira, aliás, traz Rafael Sóbis e Robinho na frente, Elano e Dudu Cearense no meio, e Júlio César no gol. Muito bom!

Modos de jogo

Os mesmos de sempre: Exhibition, onde rola uma partida rápida contra um amigo ou o PC; League, que é a disputa por pontos corridos; Cup, o bom e velho mata-mata; e a Master League, onde você pega um time pequeno da segunda divisão, e deve fazê-lo crescer, dispondo para tal de recursos como compra e venda de jogadores.

Master League.
Animação explicativa da Master League.

Conclusão

Vale a pena, mas pense duas vezes antes de desinstalar o Pro Evolution Soccer 6/2007 do seu Windows. Aqui, mantive ambos instalados, até eu conseguir me adaptar totalmente ao novo PES2008. O game trouxe ótimas inovações, como gráficos melhorados, mais times licenciados e escalações atualizadas, mas pecou num ponto-chave: jogabilidade. Espero um dia conseguir jogá-lo sem sentir falta da versão anterior; caso contrário, o jeito será esperar melhoras no PES2009…

Notas

  • Gráficos: 9
  • Som: 9
  • Jogabilidade: 9
  • Diversão: 10
  • Nota final: 9,25

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